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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Homens são a maioria no consumo de álcool e crack


Pesquisa inédita em Londrina traça perfil de usuários atendidos pelo Caps.
Os usuários de drogas que procuram tratamento em Londrina são, em maioria, homens, com idades entre 25 e 44 anos e com baixa escolaridade. São viciados principalmente em álcool e crack, convivem com outros parentes usuários e menos da metade buscam tratamento espontaneamente. A maioria não passa um mês em tratamento. Este é o perfil traçado pelo psicólogo Sérgio Ricardo Belon da Rocha Velho em uma pesquisa inédita na cidade, que resultou na tese de mestrado “Perfil epidemiológico dos usuários de substâncias psicoativas atendidos no Caps AD”, apresentada na última quinta-feira, na Universidade Estadual de Londrina (UEL).
O resultado só não pode ser usado como amostragem do perfil da população usuária de drogas em Londrina porque não contempla as classes de maior renda da sociedade. “Estas não procuram os serviços públicos de saúde”, disse o pesquisador.
Baseado em dados coletados durante seis meses, de 1 de julho a 31 de dezembro de 2008, no Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), onde trabalha, o psicólogo justificou sua
pesquisa partindo do princípio que o desconhecimento sobre o perfil do usuário dificulta ações de prevenção ao uso e o planejamento de uma política pública que realmente atenda as necessidades da demanda. “Os resultados podem contribuir para o redirecionamento das estratégias de prevenção e da atenção prestada por todos os serviços que integram a rede assistencial pública”, explicou.Universo
Do universo de 486 usuários do Caps AD pesquisados, 85,4% são do sexo masculino; 35,2% têm idades entre 25 a 34 anos; e 66,8% têm baixa ou pouca escolaridade (analfabetos e primeiro grau completo). Entre os usuários, 60,7% têm outros dependentes de álcool e drogas na família, sendo que, para 38,9% deles, o pai é o dependente; 25,6% são irmãos; 6,8% a mãe; e 13,3% dos usuários têm que conviver com mais de um parente dependente.
As substâncias mais utilizadas, por ocasião da triagem, foram álcool, 46,1%; e crack, 44,4%. Maconha, cocaína, ansiolíticos e solventes somaram, juntos, 9,5% dos usuários. Entre os usuários do sexo masculino, 46,9% fazem uso de álcool e 42,7%, de crack. Entre as mulheres, a ordem se inverte e o crack passa a ser a principal substância consumida (54,9%) contra 40,8% de álcool.
UBSs faz poucos encaminhamentos
Para Sérgio Rocha Velho, o que mais chamou atenção na pesquisa foi o fato de que, entre os órgãos e instituições que fazem encaminhamentos de usuários ao Caps AD, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ocuparam apenas o quarto lugar. “É mais comum serviços de saúde de maior complexidade fazer o encaminhamento do que as UBSs. A diferença é gritante”, apontou.
Os encaminhamentos feitos por serviços de saúde de maior complexidade (Caps III, Caps I, hospitais secundários e terciários) somaram 27,7%. Encaminhamentos feitos por outros (orgãos judiciais como Conselho Tutelar, Vara da Infância e Patronato, além de instituições públicas e privadas) chegaram a 29,1% e assistência social, 25,2%. As UBSs somaram apenas 13,2% dos encaminhamentos.
Segundo o psicólogo, esse resultado mostra como é frágil a relação existente entre as UBSs e o Caps AD. “Considerando-se que os usuários que apresentam transtornos em decorrência do uso abusivo de drogas recorrem inicialmente às UBSs, que estão próximas da família e da comunidade, o esperado era que houvesse mais encaminhamentos vindos das unidades. Isso mostra que há uma falha no serviço de atendimento primário”, disse.
A diretora de Ações em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Bruna Petrillo, justifica a diferença na percentagem de encaminhamentos entre as UBSs e serviços mais complexos pelo fato dos usuários chegarem aos hospitais em situações de maior gravidade, sob efeito ou em maior risco. “Nas UBSs, nem sempre é possível identificar o usuário”, disse.
A questão está sendo revista com o treinamento de pessoal, mas ainda enfrenta certa resistência dos funcionários de UBS. Segundo a assessora em saúde mental da Secretaria Municipal de Saúde, Ângela Lima, os funcionários não se sentem confortáveis em abordar a pessoa porque a maioria não admite o problema.
De acordo com Ângela Lima, o uso de álcool e drogas só passou a ser tratado como uma questão de saúde pública há sete anos, através de reconhecimento do Ministério da Saúde, que criou inclusive os centros de atendimento psicossocial. “Até então, usuários de eram atendidos pela assistência social”, explicou. Agora, o objetivo, segundo ela, é detecção precoce na rede pública e, por isso, os funcionários das UBSs serão capacitados continuamente para fazer as abordagens. “A situação já melhorou muito, mas temos ainda muito o que andar”, justificou.
NÚMEROS
89,6% dos usuários entre 45 a 54 anos fazem uso constante do álcool
78,5% dos jovens com idade entre 18 a 24 anos atendidos usam crack
69,4% dos usuários de crack fazem uso simultâneo com outras drogas
50,8% dos que procuraram o Caps AD espontaneamente usam crack
48,5% dos usuários são encaminhados por uso abusivo de álcool
Fonte: Jornal de Londrina com a Gazeta do Povo

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