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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Prostituição para comprar crack



Prostituição para manter vício é novo As usuárias de maconha estão migrando para o crack, muitas delas enganadas por traficantes. Elas estão comprando cigarros mesclados, que contêm pequenas pedras da droga misturadas à maconha, o que as induz a se acostumarem e a procurarem entorpecentes que viciam rapidamente.
A Polícia Civil tem conhecimento desse procedimento adotado pela maioria dos traficantes e já realizou apreensões desse tipo de cigarro, conforme confirma a delegada Rosely Baêta Neves, policial com mais de 20 anos de experiência e há três na Divisão Antidrogas do Estado. Ela afirma que a mescla é vendida em todas as regiões de Belo Horizonte e algumas das principais cidades do interior.
“A realidade é que muitas mulheres, menores também, estão se prostituindo para conseguir pedras de crack. As mulheres são as grandes vítimas do tráfico e os traficantes viciam as usuárias com facilidade, lembrando que duas ou três pedras fumadas serão suficientes para deixar a pessoa dependente. Não temos mais só o usuário de maconha. As pessoas estão sendo induzidas a usar crack com os mesclados”, observa.
Ela afirma que a prostituição está intimamente ligada ao crack. Muitas, sem dinheiro, concordam em vender o corpo em troca de pequenas quantias em dinheiro para comprar as pedras.
Enquanto outras, aliciadas por traficantes, não só consomem a droga como vendem pedras para os homens com quem fazem programas. São comuns e dramáticos, também, os relatos de mulheres que concordam em fazer programas com a única intenção de receber pedras da droga como pagamento.
Em Minas Gerais, segundo a policial, regiões como Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Sul de Minas e Zona da Mata são as que mais registram ocorrências de prisões de prostitutas de alguma forma envolvidas com o uso e o tráfico de crack. Prostitutas que vendem crack são consideradas pela polícia, conforme afirmou a delegada Rosely, “mulas dos traficantes”. “O Estado de Minas Gerais inteiro está contaminado com essa situação”, ressaltou a delegada. “As zonas boêmias de várias cidades do interior, a capital, principalmente na Região da Pedreira Prado Lopes, e partes do Centro da capital estão entre as que mais registram ocorrências desse tipo. E a situação está piorando a cada mês”, preocupa-se.
Além de serem induzidas por namorados, companheiros e maridos, observa a delegada, muitas mulheres entram para o mundo do crack convencidas por irmãos ou parentes próximos, que já estão no tráfico. São comuns registros de casos de famílias inteiras nesse mundo. Quando os homens são presos, as mulheres assumem o comando, o que, ainda conforme Rosely Baêta, tem provocado muitos assassinatos de mulheres traficantes. “O interessante é que quando o homem é preso por tráfico, a mulher, quando não está envolvida com drogas, assume o comando da casa e continua criando os filhos.
Mas quando ela é presa por tráfico, acontece muito de os seus companheiros desaparecerem, deixando os filhos sem assistência e a companheira abandonada.”
“ Eu estava sem alma, sem nada”
A delegada de Tóxicos, Rosely Baêta Neves, aconselha aos pais vigiarem de perto os passos de suas filhas adolescentes. Nessa fase é comum a adolescente frequentar festas raves e shows, em companhia de namorados que, muitas vezes, já estão envolvidos com drogas e acabam convencendo suas companheiras a experimentarem. No final da década passada, segundo a policial, era comum o registro de ocorrências de apreensões de maconha.
Mas, desde o fim dos anos 90, a disseminação do crack está avançando rapidamente, e muitos jovens que ingressavam no mundo das drogas através da maconha atualmente já experimentam, com pouca idade, o crack, que é uma droga que vicia rapidamente e cria uma dependência cruel, principalmente quando a usuária está ainda na adolescência. “Na maioria das vezes, as mulheres são levadas para as drogas pelos companheiros que as convencem a experimentar o crack uma vez . E isso é o bastante”.
C., 39 anos, ex-comerciária, secretária e cabeleireira, tem três filhos. Quando adolescente, já era consumidora de cocaína. Mas foi em uma visita a uma “boca” da Pedreira Prado Lopes, Região Noroeste de Belo Horizonte, que ela teve o primeiro contato com o crack. Ela já comprava cocaína no aglomerado e era conhecida dos traficantes, tendo, portanto, “passe livre”.
“Eu me lembro muito bem, porque era uma noite de Natal. Depois que eu comprei umas pedras para a minha amiga, consumi a minha ‘farinha’ (cocaína) ao lado dela, que estava fumando crack. Ela insistiu para que eu fumasse uma pedra também. Eu não queria usar o crack, porque tinha ouvido muitas histórias sobre o perigo dessa droga, que vicia logo da primeira vez. Mas acabei fumando e gostei, infelizmente. A partir daí, continuei só com o crack. A minha amiga tinha uma boa condição financeira e comprava a droga para ela e para mim.”
A ex-comerciária contou que começou a usar drogas muito cedo. Aos 13 anos já consumia bebida alcoólica com colegas, em festas e em reuniões de adolescentes. A família não sabia o que estava acontecendo, e a liberdade e o fato de nenhum parente saber encorajaram C. a usar maconha. Aos 19 anos, já era usuária de cocaína. A primeira experiência com o crack aconteceu em 2002 e, desde então, a ex- comerciária luta para se ver livre do estigma de usuária de drogas. Ela conta que perdeu tudo que havia conquistado: família, empregos, amizades, e, no lugar onde morava, passou a ser ignorada pelas pessoas.
C. não esperava, mas a única pessoa que se preocupava com ela era o filho mais velho, que passou a acompanhar os passos da mãe prisioneira do crack e se transformou em uma tábua de salvação na qual C. está agarrada até hoje.
“O pior aconteceu quando comecei com a prostituição, quando perdi a minha alma. Imagina que uma vez eu estava drogada e tentei o suicídio. Outra vez caí de uma ponte com seis metros de altura, também drogada, e não sei o que me salvou da morte. Drogada, eu frequentava bares onde era humilhada, e fui expulsa de vários deles.
Atualmente tenho como verdadeiro amigo o filho mais velho, que me dá conselhos e me ajuda muito. É com a força que ele me dá que eu tenho certeza de que vou me recuperar. Veja bem como são as coisas: normalmente a mãe se preocupa e ajuda o filho a não fazer as coisas erradas e resolver problema. No meu caso, quem está me valendo é o meu filho. Estou com quase 40 anos e agora me lembro dos conselhos que o meu filho me dava, e eu não dava importância. Mas eu estava sem alma, sem nada”, disse.
“Quando melhorei, voltei para casa e pedi arrego. Falei com minha mãe que não aguentava mais e queria mudar. Ela, com medo de que eu saísse e voltasse a consumir crack, trancou as janelas e as portas da casa. Nem me lembro quanto tempo passei no quarto, no escuro. Eu estava acostumada a arrebentar tudo, para sair de casa para fumar o crack. Era uma situação terrível. Eu havia me transformado em um monstro.” informações do Hoje em Dia.
m Minas

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